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Entrevista | Todos os setores da sociedade deverão repensar o seu papel, diz Bruno Breithaupt

Lê Notícias

Gestor de uma das Federações do Comércio mais respeitadas do Brasil, Bruno Breithaupt observa os novos cenários econômicos após a pandemia que fechou praticamente todos pontos comerciais e confinou bilhões de pessoas mundo afora.

Diante de novos desafios, o presidente da Fecomércio acredita que, com a volta ao cotidiano, será necessária muita conscientização para uma convivência inteligente. Embora defenda com veemência que deva-se preservar, de forma prioritária, a vida e a saúde da população, não se pode esquecer do impacto que o coronavírus tratá aos empregos. Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, ele lembrou da importância de o poder público apresentar alternativas para incentivar as empresas na manutenção dos empregos. Confira:

Marcos Schettini: Diante do coronavírus, comércio aberto ou fechado?
Bruno Breithaupt: Passado o período crítico da contaminação do coronavírus, entendemos que o comércio precisa estar aberto a fim de atender a população, manter empregos e possibilitar a sobrevivência das empresas.

Schettini: Se for aberto, não seria perigoso expor o consumidor a se tornar um Cavalo de Troia dentro e fora de casa?
Breithaupt: É preciso tomar medidas para que possamos conviver com o vírus. O comércio, assim como outras atividades, terá que se adaptar implementando procedimentos que assegurem a saúde bem como padrões de segurança no trato com clientes e fornecedores. Estaremos diante de uma nova realidade e o relacionamento empresa/cliente exigirá novas posturas dos dois lados. A conscientização aqui será a chave para a convivência, tanto do cliente quanto do estabelecimento comercial.

Jornalista Marcos Schettini em conversa com o presidente do Fecomércio, Bruno Breithaupt, dias antes do surto da pandemia no Brasil (Foto: Lê Notícias)


Schettini: Supermercados, sujeitos ao que determina o decreto de quarentena, desenha qual cenário futuro?
Breithaupt: Os supermercados têm desempenhado um papel fundamental no sentido de manter o abastecimento dos produtos essenciais para o atendimento às necessidades básicas das famílias. Destaca-se também o comprometimento de seus colaboradores que, ouvindo o chamado, se colocam na linha de frente, atendendo ao público e se expondo. Quanto ao futuro, a exemplo dos demais setores, os supermercados devem sentir os impactos que possam vir do desemprego e da diminuição de renda da população. O consumidor deve em, um primeiro momento, estar com a confiança abalada para as compras pelo crédito, principalmente daqueles produtos de maior valor agregado, como eletrodomésticos, eletrônicos, entre outros.

Schettini: A Fecomércio é voz mais forte em números de trabalhadores que a Fiesc. O desemprego é maior?
Breithaupt: Por concentrar um maior número de empresas e de segmento, o número absoluto de trabalhadores do comércio e de serviços é, de fato, maior. Esses setores devem ser os que mais irão sentir com as medidas restritivas, pois teve a absoluta maioria de suas atividades paralisadas por conta do decreto. Fora que a circulação restrita de pessoas acaba tendo um impacto duro nas receitas dessas empresas. Levando isso em consideração, podemos estimar que o impacto no emprego deva ser maior no comércio e nos serviços.

Schettini: Qual o tamanho do prejuízo hoje?
Breithaupt: A Fecomércio está levantando junto a sua base os impactos dessa situação. No momento ainda não temos a informação, mas entendemos que será um prejuízo bastante relevante dado o número de dias em que o comércio está fechado e com seus custos fixos contabilizados.

Schettini: Se mantiver o fechamento do comércio, o desemprego é proporcional?
Breithaupt: Quanto mais tempo o comércio ficar fechado maior será o impacto na manutenção dos empregos. Por essa razão, quanto mais passa o tempo de isolamento proposto pelas autoridades, cresce também a necessidade de os governos federal, estadual e municipais criarem alternativas e incentivarem as empresas para que possam manter os empregos, retomem suas atividades produtivas no ritmo acelerado o mais breve possível. Dessa maneira começamos a traçar cenários para que possamos em pouco tempo nos recompor desse duro golpe que o Covid-19 trouxe na economia.


Schettini: Vida ou morte virou uma balança perigosa de decisões. Sim ou não?
Breithaupt: Quando as decisões têm que pender entre vida e morte, devemos pensar, acima de tudo, na preservação da vida e da saúde das pessoas. Isso não há dúvida.

Schettini: Há saída honrosa para tudo isso ou será mais duro do que se imagina?
Breithaupt: Devemos manter a confiança em alta, o povo catarinense já demonstrou, em diversos momentos de sua história, a resiliência para contornar crises e situações calamitosas. A saída se dará pela construção de uma solução dialogada entre poder público, privado e a sociedade. Será um momento de reestruturação em que todos os setores da sociedade deverão repensar o seu papel e as concessões que deverão fazer em prol do todo.

Schettini: Onde as medidas de Carlos Moisés e Bolsonaro estão certas ou erradas?
Breithaupt: O Governo do Estado tem se demonstrado bastante coeso na administração dessa crise. As medidas foram rápidas e por isso causaram uma preocupação geral no setor empresarial. Hoje podemos ver que a velocidade foi adequada e isso está respaldado, por exemplo, na queda do número de casos suspeitos. O que pedimos agora é que se inicie um planejamento para a retomada e o Governo tem sido bastante aberto ao diálogo nesse sentido.

Schettini: Como vencer o coronavírus sem perdas?
Breithaupt: Não considero uma saída sem perdas. Empenhamos uma batalha com um inimigo invisível e silencioso. Como em todas as batalhas choraremos as nossas perdas, que elas sejam as menores possíveis, para quando sairmos dessa possamos nos reconstruir da maneira mais efetiva possível.


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